BUSQUEI TRINTA ANOS, IRMÃS...
Busquei trinta anos, irmãs,
Ele, onde estará?
Andei trinta anos, irmãs,
Sem bem o avistar.
Andei trinta anos, irmãs,
E meus pés feri;
Ele estava em tudo, irmãs,
Sem nunca existir...
A hora está tão triste, irmãs,
Tirai-me as sandálias;
Até a tarde morre, irmãs,
E esta alma está mal...
Tendes quinze anos, irmãs,
Parti para além;
Tomai meu bordão, irmãs,
E buscai também...
Que devo eu dizer?
— Dize-lhe só que o esperaram
Até, até morrer.
Se perguntar onde estás,
Que hei de responder?
— Dá-lhe a minha aliança de ouro
Sem lhe responder...
Se indagar porque é que a sala
Está assim deserta?
— Mostra-lhe a lâmpada extinta
E essa porta aberta...
Se me interrogar então
Sobre o desenlace?
— Dize que sorri com medo
De que ele chorasse.
•
* Traduções de Guilherme de Almeida.
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