terça-feira, 13 de julho de 2021

Dois poemas de Maurice Maeterlinck




BUSQUEI TRINTA ANOS, IRMÃS...

Busquei trinta anos, irmãs,
Ele, onde estará?
Andei trinta anos, irmãs,
Sem bem o avistar.

Andei trinta anos, irmãs,
E meus pés feri;
Ele estava em tudo, irmãs,
Sem nunca existir...

A hora está tão triste, irmãs,
Tirai-me as sandálias;
Até a tarde morre, irmãs,
E esta alma está mal...

Tendes quinze anos, irmãs,
Parti para além;
Tomai meu bordão, irmãs,
E buscai também...
 
 
E SE ELE VOLTAR UM DIA
 
E se ele voltar um dia
Que devo eu dizer?
— Dize-lhe só que o esperaram
Até, até morrer.

Se perguntar onde estás,
Que hei de responder?
— Dá-lhe a minha aliança de ouro
Sem lhe responder...

Se indagar porque é que a sala
Está assim deserta?
— Mostra-lhe a lâmpada extinta
E essa porta aberta...

Se me interrogar então
Sobre o desenlace?
— Dize que sorri com medo
De que ele chorasse.

 


Maurice Maeterlinck nasceu a 29 de agosto de 1862, em Gante. Sua atividade como poeta inicia com a publicação de poemas de estilo parnasiano na revista Jeune Belgique, em 1885. No ano seguinte, muda-se para Paris e convive com aqueles que redefinirão os rumos dos seus interesses criativos, como Mallarmé. A guinada para o simbolismo se verifica mesmo no seu teatro escrito ainda em terras francesas. No estopim da Segunda Mundial, muda-se para os Estados Unidos e só retorna à França em 1947, onde vive até 5 de maio de 1949. Em 1911 recebe o Prêmio Nobel de Literatura.

* Traduções de Guilherme de Almeida.


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