OLHE
O mundo é escrito
a portas
fechadas
Pequenas aranhas sobem
por um fio quase
invisível
As coisas ardentes
não dizem o
nome
SUBJETIVA II
a portas
fechadas
por um fio quase
invisível
não dizem o
nome
Ainda ontem plantei flores na tarde
para poder dormir
mas não quero vê-las
orvalhadas ou murchas
florir canteiros e
cobrir-se de
outono
Cuidando da imortalidade
um poeta esquece a
vida
amanhã
se veste de luto
pela casa
pobre cuidando: um poeta
De sonhos é que é
corrompido
um dia será lido
•
Eunice Arruda nasceu em Santa Rita do Passa Quatro, em 1939. Formada em
Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, mesma
instituição onde se especializou em Comunicação e Semiótica, sua estreia na
literatura acontece em 1960 com É tempo de noite. Depois deste livro veio
mais de uma dezena de títulos, tais como Gabriel (1990) e Debaixo do
sol (2010). Toda sua obra poética foi reunida em Visível ao destino
(2019). Eunice Arruda morreu em São Paulo, em 2017.
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