POR UMA PATACA, CIGANA,
ADIVINHA
– Por uma pataca, cigana,
adivinha,
Do que vou morrer, vai a fundo.
Responde a cigana o seguinte, não vive
quem é como tu neste mundo.
O filho vira outro, outra vira a
mulher
se torna inimigo o amigo.
Que vai te matar? Esta culpa. Porém
cuide da sua culpa consigo.
Ante quem a culpa? Ante o estar
vivo
E sorri, nos olhos encara.
A gangue na feira ressoa o motivo,
os céus vão ficando mais claros.
VAI OBTER UM EUROPEIZADO TOQUE
Do que vou morrer, vai a fundo.
Responde a cigana o seguinte, não vive
quem é como tu neste mundo.
se torna inimigo o amigo.
Que vai te matar? Esta culpa. Porém
cuide da sua culpa consigo.
E sorri, nos olhos encara.
A gangue na feira ressoa o motivo,
os céus vão ficando mais claros.
Vai obter um europeizado toque
a voz do transasiático poeta
esquecerei a fantástica Sverdlovsk
o pátio escolar de Vtorchermet
Mas onde quer que duro e frio eu caia
na fogosa Paris, úmida Londres,
enterrem minhas cinzas miseráveis
num cemitério de Sverdlovsk sem nome.
Nem é no plano do que é belo e falso,
mas pose artística e espalhafatosa,
porque é lá que estão os meus chegados
e os seus perfis em mármore e em rosas.
‘tão nos vitríolos de neve azuis
os que trupicaram, os ruins de nota,
com cobre em tartarugas como os
primeiros soldados da Perestroika.
Que a chaminé de Vtorchermet apite,
que a Plastpolimer assobie largo.
Uma mulher, que não estava comigo,
vai abrir o álbum e fumar com garbo.
Ela abrirá o álbum azul no qual o
futuro nossas faces acalenta,
onde éramos vivos, no azul do álbum.
Ralé local: bandidos e poetas.
•
Boris Rýji nasceu em 1974 na
cidade de Chelyabinsk, Rússia. Ainda na sua infância muda-se com a família para Sverdlovsk
(atual Ecaterimburgo, desde o fim da União Soviética). Formado em Geologia na
Universidade dos Urais, sua dedicação à poesia o fez, desde cedo, reconhecido
entre os mais importantes nomes da sua geração aquando recebe o prêmio Antibook.
Com o seu livro Opravdaniye zhizni ainda recebe, postumamente o prêmio
Palmira do Norte (São Petersburgo), um dos mais cobiçados entre os poetas. Rýji morreu a 7 maio
de 2001.
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